Ciências da Vida


O segmento de Tecnologias para a Saúde apresenta elevada intensidade tecnológica. O padrão de comportamento mundial indica que essa indústria investe mais do que a média em inovação. No Brasil, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o setor destina aproximadamente o dobro da média nacional para esforços em atividades inovadoras. Além disso, as empresas atuantes apresentam relação estreita com outros segmentos industriais, possibilitando a agregação de valor em diferentes cadeias produtivas, como as de polímeros, plásticos de engenharia de alta performance, placas de circuito impresso e mecânica fina, entre outras. Em razão disso, o Rio Grande do Sul aposta na indústria da saúde como um vetor de desenvolvimento econômico e tecnológico.

No Brasil, o mercado da saúde vem crescendo rapidamente. O direito constitucional de acesso universal e gratuito à saúde, institucionalizado no Sistema Único de Saúde (SUS), faz com que existam gastos públicos significativos e constantes nessa área. Em 2021, o valor da produção de dispositivos médicos no país foi de U$ 5,8 bilhões, dos quais U$ 1 bilhão foram destinados para o mercado externo e U$ 4,8 bilhões para o mercado doméstico. Como o Consumo Aparente de Dispositivos Médicos naquele ano foi estimado em US$ 10 bi, os importados representaram 52% do total consumido, o que representa um setor deficitário em U$ 4,2 bilhões na balança comercial (ABIMO).

No final de 2021, o Rio Grande do Sul apresentava 3.559 postos de trabalhos registrados nas atividades de fabricação de aparelhos eletromédicos e eletroterapêuticos, equipamentos de irradiação, instrumentos e materiais para uso médico e odontológico e de artigos ópticos. Quase a metade dos empregos está concentrada em dois municípios: a capital, Porto Alegre (32,7%), e Pelotas (16,8%), no sul do estado, onde está instituído o Arranjo Produtivo Local (APL) da Saúde.

Segundo dados do Ministério da Saúde (2023), a rede hospitalar gaúcha conta, atualmente, com aproximadamente 29,8 mil leitos totais, entre clínicos, cirúrgicos e complementares. Desse total, em torno de 3,3 mil são em unidades de tratamento intensivo. O complexo hospitalar gaúcho destaca-se por disponibilizar aos pacientes procedimentos de alta complexidade, sendo referência nacional em transplante de órgãos, cirurgia bariátrica e metabólica, cirurgia cardíaca, cardiologia interventiva com dispositivos de implantes, oncologia, implantes ortopédicos e cirurgias minimamente invasivas, entre outros. Ao todo, são 316 hospitais no Estado, 2.726 unidades básicas de saúde, 324 unidades de pronto atendimento, entre outras estruturas auxiliares. Ao longo de 2023, o sistema de saúde gaúcha vem performando aproximadamente 34 mil atendimentos mensais. O último dado divulgado para os estados brasileiros coloca o RS como o segundo de maior cobertura, com 2,58 leitos/1000 habitantes em fevereiro de 2022 (DATASUS/CNES), ficando atrás apenas de Goiás, com 2,62 leitos/1000 habitantes. Segundo o Conselho Regional de Medicina (Cremers), cerca de 2.750 novos médicos solicitam registro junto ao órgão anualmente (dados de 2022).

Em 2022, foi criada a rede SCH - South Collab Health – iniciativa que une universidades, hospitais e entidades gaúchas que pretendem fomentar e fortalecer iniciativas de inovação na área da saúde no Estado. Atualmente, o grupo colaborativo conta com 68 instituições e seus parques e centros de inovação.  A presença de hospitais públicos e privados, laboratórios, centros de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para a saúde, universidades e diferentes esferas públicas possibilita o intercâmbio de informações e a cooperação técnica entre os difrentes agentes da saúde e as empresas do setor.

Integrantes da South Collab Health

O Rio Grande do Sul possui 2 entre os 15 melhores cursos de medicina do país (RUF 2019) e 13 entre os 100 mais bem avaliados hospitais do Brasil (Newsweek World's Best Hospitals 2023), com destaque para o Hospital Moinhos de Vento, que também aparece rankeado na 115ª posição a nível global.

Além desse ambiente, que possibilita o desenvolvimento de negócios e a instalação de novas empresas, observam-se mudanças demográficas e comportamentais que exigirão novas soluções. Destacam-se o crescimento da medicina preventiva, decorrente da ampliação da expectativa média de vida, e o monitoramento e prestação de serviços médicos de forma remota. Essas novas realidades necessitarão de novos fornecedores de medicamentos, equipamentos e softwares, que encontrarão um ambiente favorável ao seu desenvolvimento no Estado do Rio Grande do Sul.

Expectativa vida 25 7

Segundo o IBGE, a esperança de vida ao nascer no RS, para ambos os sexos, passou de 72,4 em 2000 para 78,3 em 2018.  Os estudos de evolução demográfica demonstram que, no Rio Grande do Sul, a transição demográfica começou mais cedo em relação a maior parte dos estados brasileiros e tornou-se mais evidente nas últimas décadas, caracterizando-se pelo rápido aumento absoluto e relativo das faixas de população adulta e idosa.  Em relação ao sexo, estas diferenças ficam ainda mais evidentes quando se constata a maior esperança de vida ao nascer das mulheres, que em 2018 atingiu 81,6 anos, enquanto que a dos homens ficou em 74,9 anos. Como resultado, o número de mulheres é superior ao número de homens, principalmente nas faixas de idade mais avançadas.          

Confira a relação completa dos dispositivos médicos já em operação no sistema de saúde do Rio Grande do Sul clicando aqui .

Confira relatório setorial da ABIMO aqui

Oportunidades do Setor

  • Tecnologias de soluções para o envelhecimento populacional e doenças crônicas e degenerativas.

  • Nanotecnologia e nanomedicina: existem cerca de 30 grupos de pesquisa nas universidades do Rio Grande do Sul sobre o assunto e grande demanda de soluções tecnológicas e industriais.

  • Medicina regenerativa: cerca de 15 grupos de pesquisa nas universidades gaúchas sobre o assunto.

  • Cardiologia: stents coronarianos, especialmente os autoexpansíveis.

  • Neurocirurgia: válvulas de pressão programável; fios de platina de menor espessura (0.3 mm).

  • Ortopedia: desenvolvimento de revestimentos constituídos por determinadas substâncias – carbono amorfo, nitreto de titânio, zircônia, alumina, materiais poliméricos – para recobrir componentes; fabricação de implantes constituídos por polímeros radiolúcidos ao invés de metais.

  • Área de reabilitação: fabricação de próteses relacionadas à mobilidade e movimentação de braços, mãos e dedos.

  • Odontologia: próteses e implantes de maior durabilidade – cerâmica e resinas micro ou nanorreforçadas; brocas com revestimentos especiais, compostos por diamante sintético; componentes eletroeletrônicos miniaturizados de alta complexidade.

  • Telemedicina: softwares para o reconhecimento de padrões para os atendimentos e pré-laudos; hardware específicos para facilitar a consulta à distância; plataformas de ensino em saúde.

 

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