Biocombustíveis

O biocombustível é uma fonte de energia renovável que substitui total ou parcialmente os combustíveis fósseis, sob a forma de biodiesel, etanol hidratado ou anidro, biogás e biometano. Os biocombustíveis possuem uma participação importante na matriz energética brasileira, caracterizada pela diversidade e pela participação significativa das fontes renováveis. A sua adoção e a sua integração às matrizes produtivas do Brasil e do Rio Grande do Sul contribuem para redução dos gases de efeito estufa e ampliam as oportunidades de renda, emprego e desenvolvimento tecnológico.

 

Programas destinados ao fomento dos biocombustíveis no Brasil, associados às pesquisas e aos avanços tecnológicos, tornaram o país referência na sua produção. O biodiesel, derivado de gorduras vegetais ou animais, é utilizado em motores de ignição por compressão (Ciclo Diesel). Sua principal matéria-prima no país é a soja. O etanol, hidratado ou anidro, teve sua produção alavancada pioneiramente em substituição à gasolina.

O biodiesel é recente na matriz energética brasileira, tendo como marco a constituição do Programa Nacional de Produção e Uso do Biocombustível e a legislação que torna compulsória a adição de biodiesel ao diesel. A obrigatoriedade da mistura passou a vigorar em 2008, numa proporção de 2%, que evoluiu gradualmente até 10% em 2019. Na última década, o biodiesel consolidou sua participação na matriz energética brasileira. O biocombustível comprovou viabilidade técnica e econômica e diversos trabalhos atestaram os seus benefícios ambientais, comparativamente aos combustíveis fósseis

A partir de 1º de abril de 2023, a mistura mínima de biodiesel no diesel foi ampliada de 10% para 12%. Um ano depois, em 2024, o percentual subirá para 13%. Em 2025, atingirá 14% e, em 2026, chegará aos 15%. Neste cenário, o Rio Grande do Sul como principal produtor de biocombustíveis do país, será fundamental no aumento da oferta, por possuir a maior capacidade instalada e um parque industrial consolidado.

Esse salto na oferta de biodiesel demandará a expansão de investimentos em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e logístico, além da diversificação das matérias-primas, visando maior produtividade e redução dos preços finais.

O Rio Grande do Sul possui como vantagens para o desenvolvimento do setor a presença da matéria-prima e uma base produtiva instalada que conta com rede local de fornecedores envolvendo os setores metalomecânico, eletroeletrônico, de automação, de máquinas e equipamentos industriais, bem como uma agroindústria bem desenvolvida.

A produção de biocombustível no Estado começou efetivamente em 2007 com a instalação de três empresas: a Oleoplan, em Veranópolis, a BSBios, em Passo Fundo, e a Granol, em Cachoeira do Sul. Segundo os dados da ANP (2023), atualmente o Estado possui oito plantas instaladas de produção de biodiesel e três plantas instaladas de produção de etanol, sendo líder nacional no segmento, respondendo por 27,5% da produção nacional, ou 1.855.787 m³. Estima-se que a produção de biodiesel via agricultura familiar gere aproximadamente 19 mil vagas de trabalho no Rio Grande do Sul.

Em junho de 2023, a Petrobras anunciou a transformação da Refinaria Riograndense, na cidade de Rio Grande, na primeira biorrefinaria do país, com um investimento inicial de R$ 45 milhões. A iniciativa é parte de um plano que visa a produção de produtos petroquímicos e combustíveis de origem inteiramente renovável na unidade. No primeiro teste, o objetivo será preparar a unidade de FCC (craqueamento catalítico fluido) da refinaria com inovações de processo e sistema catalítico, gerando insumos integralmente renováveis, a partir de uma tecnologia desenvolvida pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras. O teste posterior, será por meio do coprocessamento de carga fóssil com bio-óleo, gerando propeno, gasolina e diesel, todos com conteúdo renovável a partir de matéria-prima avançada de biomassa não alimentar.

Em 2021, foram produzidos, no país, 6,8 bilhões de m³ de biodiesel. A soja é a principal matéria-prima utilizada, respondendo por 72% do biodiesel produzido seguida pela gordura bovina (7,7%) (EPE).

Oportunidades do Setor

Pesquisa e desenvolvimento tecnológico para aumento da produtividade e da diversificação de culturas a serem utilizadas como matéria-prima na produção do biodiesel.

Expansão do número de usinas devido ao aumento gradual da proporção do biodiesel à mistura do diesel.